Espinosa, meu éden 6r4r4o

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 8 de julho de 2011 1wq2a

170 - "Causos" e histórias espinosenses: Essa nossa mania de falar errado... 4z6o1p

Nós, brasileiros, aprendemos cedo na escola como ler e escrever algumas das milhares de palavras da nossa riquíssima língua portuguesa. Entretanto, temos a mania de falar errado. Talvez por preguiça, quiçá por vício de linguagem, eventualmente pela convivência com outros interlocutores ou simplesmente por displicência. O fato é que falamos errado sim, mesmo conhecendo a forma culta das palavras da nossa língua. Pois bem. Um grande amigo, a quem chamarei de Pedrinho*, por quem tenho o maior carinho e respeito, tinha uma mania danada de falar errado algumas palavras que continham o dígrafo "LH". Ele constantemente trocava o "LH" pelo "I". Nas oportunidades em que nos encontrávamos para um bom bate-papo, eu sempre o alertava sobre o erro. Mas não tinha jeito. Ele sabia que estava errado, mas nunca conseguia pronunciar corretamente as palavras. Ao invés de dizer folha, ele dizia fôia; a palavra baralho, ele pronunciava baraio; em vez de falar telha, ele falava teia e assim por diante. Era muito engraçado. Até que um belo dia, estávamos em um barzinho tomando umas cervejas geladas, quando ao flagrá-lo mais uma vez falando incorretamente algumas dessas palavras, chamei-o para uma aposta, na tentativa de mudar de uma vez por todas aquela mania que já estava incomodando. Eu lhe pagaria cinco cervejas se ele dizesse dez palavras sem cometer esse tipo de erro. Ao que ele, incontinênti, respondeu: - Óóóóóia, canaia! Faiô a gaiofa, paiaço! Se óia no espeio, veiaco. Ô véio, é mió num espaiá isso no meu trabaio, hein? (Traduzindo: Olha, canalha! Falhou a galhofa, palhaço! Se olha no espelho, velhaco. Ô velho, é melhor não espalhar isso no meu trabalho, hein?) Naquele momento vi que não iria conseguir mudá-lo. Era um caso perdido. Desisti.
Coisas de Espinosa. Um grande abraço espinosense.
* Pedrinho: nome fictício.


169 - Mazzaropi, o famoso caipira do cinema que encantou a minha juventude 34026

Desde criança fui arrebatado pela magia do cinema. E que sala de cinema tinha Espinosa à época! O Cine Coronel Tolentino, de Tidim e Nelito, era maravilhoso! Ainda me lembro com detalhes das suas instalações ali na Praça Antonino Neves: suas enormes portas de ferro com pequenas aberturas que nos permitiam espiar o que acontecia lá dentro; as belas cortinas que fechavam os corredores de o, as janelas e a tela grande; a pequena abertura gradeada onde comprávamos as entradas; o cone de madeira na entrada onde eram jogados os ingressos; os belos cartazes de filmes emoldurados nas paredes; a escada lateral que levava à sala de projeção, minha maior curiosidade; as confortáveis poltronas vermelhas reclináveis; as luzes coloridas no teto de madeira que piscavam antes de ser apagadas para o início do filme; a clássica música de abertura que embalava a esperada abertura das cortinas. Isso tudo sem contar os pequenos pedaços cortados de cenas dos filmes que eram dispensadas ao lixo pela janela da sala de projeção e que faziam a nossa alegria e que eram disputadíssimos por todos aqueles moleques fissurados em cinema. Quanta saudade! Nem mesmo o cinema de Montes Claros, na época, era tão bom como o "nosso". 
Foi aí nesta fábrica de sonhos que eu conheci Tarzan (Johnny Weissmuller), Ringo (Giuliano Gemma), Django (Franco Nero), Sartana (Gianni Garko), Trinity e Bambino (Terence Hill e Bud Spencer), Os Trapalhões e principalmente Mazzaropi. Não perdia um de seus filmes, que me divertiam à beça. Ainda sou um grande irador do trabalho desse expoente do cinema brasileiro de todos os tempos. Vamos então conhecer um pouco da sua história.


O ator, produtor e cantor Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo, aos 9 de abril de 1912, filho do imigrante italiano Bernardo Mazzaropi e da portuguesa Clara Ferreira. Desde cedo destaca-se na escola declamando poesias e participando de peças teatrais. Mais tarde, amplamente influenciado pelo avô artista, apaixonou-se pelo circo, onde começou contando "causos" e anedotas. Já em 1932, ele estreia a sua primeira peça de teatro chamada "A herança do Padre João". A partir de 1935, já com a sua própria companhia de teatro, inicia uma longa turnê pelo interior do estado de São Paulo. ou ainda pelo rádio e pela televisão até estrear o seu primeiro filme, em 1952, chamado "Sai da Frente", produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz.


Depois de trabalhar em mais algumas fitas de outras produtoras, decide produzir os seus próprios filmes e cria a PAM Filmes, Produções Amácio Mazzaropi, que aria também a fazer a distribuição das suas películas por todo o país. O primeiro trabalho na nova produtora é o filme "Chofer de praça". No ano de 1961, Mazzaropi compra uma fazenda em Taubaté, onde inicia a construção de um estúdio de gravação que resultará em seu primeiro filme colorido, "Tristeza do Jeca", que faz um enorme sucesso.  Em 1975 inicia a construção de um grande estúdio cinematográfico, com oficina de cenografia e hotel para os atores e técnicos, onde produziria mais alguns filmes. Quando filmava o seu 33º filme, "Maria Tomba Homem", ele veio a falecer aos 69 anos de idade, aos 13 de junho de 1981, no Hospital Albert Einstein de São Paulo, devido a um câncer na medula óssea, deixando inacabada a sua última obra.
Apesar do enorme sucesso de suas produções e da imensa popularidade entre a população brasileira, Mazzaropi nunca teve o devido reconhecimento do seu trabalho pela crítica e pela intelectualidade, sendo bastante criticado pela qualidade e temática de seus filmes.
Em 1994, nas instalações da sua fazenda, onde estão o seu hotel e o seu estúdio cinematográfico, foi inaugurado o Museu Mazzaropi, onde estão expostos todos os seus trabalhos e mais de 6000 peças de sua extensa e relevante carreira.


Filmografia:
Sai da frente (1951)
Nadando em dinheiro (1952)
Candinho (1953)
O gato da madame (1954)
A carrocinha (1955)
Fuzileiro do amor (1956)
O noivo da girafa (1957)
Chico Fumaça (1958)
Chofer de praça (1958)
Jeca Tatu (1959)
As aventuras de Pedro Malazartes (1959)
Zé do Periquito (1960)
Tristeza do Jeca (1961)
O vendedor de linguiça (1961)
Casinha pequenina (1962)
O Lamparina (1963)
Meu Japão brasileiro (1964)
O puritano da Rua Augusta (1965)
O corintiano (1966)
O Jeca e a freira (1967)
No paraíso das solteironas (1969)
Uma pistola para Djeca (1969)
Betão Ronca Ferro (1971)
O grande xerife (1972)
Um caipira em Bariloche (1973)
Portugal... minha saudade (1974)
O Jeca macumbeiro (1975)
Jeca contra o capeta (1976)
Jecão, um fofoqueiro no céu (1977)
O Jeca e seu filho preto (1978)
A banda das velhas virgens (1979)
O Jeca e a égua milagrosa (1980)
Maria Tomba Homem (não concluído)
No excelente filme "Tapete Vermelho", é prestada uma emocionante homenagem ao gênio Amâncio Mazzaropi. O ator Matheus Nachtergaele, numa interpretação espetacular, relembra o personagem caipira criado por ele em cada cena, até cumprir a promessa ao filho de levá-lo a assistir um filme do Mazzaropi.
O filme, de Luiz Alberto Pereira, que foi lançado em 2006, é uma produção para se guardar, pois seguramente um dia irá figurar entre as melhores produções do cinema nacional.
A excelente fotografia, a história singela e muito bem feita, a interpretação de Matheus e seus parceiros e até Paulo Goulart, de motorista de caminhão arranhando com seu vozeirão um dos sucessos musicais de Mazzaropi, ficaram simplesmente inesquecíveis... Fonte: gentedanossaterra.com.br

168 - "Causos" e histórias espinosenses: A terrível e hilária queda de moto ho5f

Lá pelos anos 80, era comum a nossa participação em partidas de futebol de salão em cidades vizinhas que, invariavelmente, terminavam em farras muito animadas. Em uma dessas oportunidades, fomos jogar em Monte Azul, no clube do BNB, e após a partida, claro, houve aquela cervejada. Não me lembro do resultado do jogo nem do time adversário, mas isso é o que menos nos importava. O legal mesmo era fazer amizades, bater uma bolinha e logo depois, tomar muita cerveja com a turma que nos recepcionava com muito carinho e consideração. A estrada que nos liga a Monte Azul ainda era de terra, nada de asfalto. Então, depois de muita confraternização, resolvemos que era hora de nos mandar de volta à Espinosa. Pedrão*, funcionário, e Pedrinho*, menor-aprendiz do Banco do Brasil voltavam de moto. Naquela época ninguém usava capacete ainda. Eu possuía um Chevette e estava voltando com meu primo Júlio César quando, em uma curva próxima à linha férrea que margeava a estrada, deparamo-nos assustados com Pedrão, meio ensanguentado, sinalizando desesperadamente com os braços, parado no meio da estrada, pedindo para que eu parasse. Pedrinho estava caído perto dali. Eles haviam caído da moto, na curva. Na hora, pensei o pior. Mas os caras deram muita sorte, pois saíram da estrada e foram arremessados contra uma moita bastante espessa à beira dos trilhos, que lhes amorteceu a queda.

Rapidamente colocamos os dois no carro, Pedrão no banco da frente, rebaixado, e Pedrinho deitado no banco de trás. Júlio ficou responsável por levar a moto de volta para casa. Saí em disparada para levá-los o mais rapidamente possível ao hospital em Espinosa. A situação era preocupante, mas ao mesmo tempo hilária. Durante o percurso, Pedrinho, bastante machucado e totalmente desorientado, se levantava a todo momento do banco traseiro e me perguntava: - Onde estou? Onde a gente estava? O que a gente estava fazendo? Eu estava com quem? Para onde estamos indo? Eu pacientemente tentava acalmá-lo, explicando tudo. Só depois de um tempo ele se deu conta do que havia acontecido e então bateu o medo de enfrentar a sua mãe. Pediu que sua mãe, que foi minha professora no grupo escolar, não fosse avisada do acontecimento, pois ao saber do que ocorrera, ela iria castigá-lo severamente. Mais uma vez, consegui acalmá-lo até chegar ao hospital em Espinosa. Deixei os dois lá sendo atendidos pelo médico e me dirigi à casa de Dona Maria* para comunicá-la sobre o acidente. Depois de contar todo o acontecido, ela, ainda assustada e bastante preocupada, foi vê-lo no hospital, mas não para castigá-lo, como ele imaginava. Depois do atendimento médico, Pedrinho recebeu alta e ficou alguns dias se recuperando do acidente em casa, sob os afetuosos cuidados da mãe. No final, ele se recuperou rapidamente, sem sequelas e sem levar qualquer castigo da mamãe. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
* Nomes fictícios.

167 - Espinosenses pelo mundo: José da Costa Ramos, o Monge Mokugen San 2l5e3b

O fazendeiro e juiz de paz Sebastião da Costa Ramos, bastante conhecido na cidade de Espinosa como "Sêo" Tião Ramos, morava na Rua da Resina e, ao lado de Dona Ana Perpétua, constituiu uma grande família, com vários filhos. Entre eles o José da Costa Ramos. Todos eles foram meus vizinhos por muitos anos, pois morávamos em frente da sua casa. Zé Ramos, como o conhecíamos, formou-se em Odontologia em Belo Horizonte e, depois de exercer a profissão por algum tempo, abandonou tudo para se dedicar ao Budismo, causando enorme surpresa aos amigos e familiares.
Diz a lenda, bastante interessante, que Zé Ramos, em um jogo de futebol na cidade de Urandi-BA, acertou um potentíssimo chute na trave do time adversário. Até aí tudo bem, aconteceu mesmo. O que causa estranhamento até hoje é a informação de que, devido à potência do chute desferido pelo atleta espinosense, a trave continua a balançar até hoje. Isso eu não posso provar. Pois bem, voltemos à história do nosso conterrâneo de coração nipônico.  
O monge José Costa Mokugen San, que nasceu na cidade de Espinosa (MG), é o presidente da ACOO - Associação Cultural Oriente-Ocidente, com sede na cidade mineira de Belo Horizonte. Formou-se em Odontologia em 1978 pela UFMG, mas em 1991 abandonou a profissão e partiu para o Japão em busca da Iluminação, onde se tornou o primeiro brasileiro a completar o treinamento formal no famoso Mosteiro de Eihei-ji, principal mosteiro no Japão e no mundo da escola Zen Budista. Galgou todas as etapas do treinamento até que, em 2005, foi denominado como Monge Superior ou Abade do Templo de Shosenji, na província de Aichi, no Japão.
Em abril de 2008 recebeu do embaixador do Brasil no Japão uma condecoração em reconhecimento pela sua trajetória, consagrando-o ali como uma das maiores personalidades brasileiras no Zen. Mokugen San é, sem dúvida, uma das autoridades de nacionalidade brasileira mais significativas dentro do Budismo Zen.
Os monges budistas Mokusen e Mokugen San (Zé Ramos)
Mokugen San reside no Japão desde 1991 e possui laços estreitos com os órgãos oficiais do Budismo japonês, atuando de forma reconhecida em vários Templos Budistas de várias cidades daquele país. Enquanto não retorna ao Brasil, a ACCO é representada em Belo Horizonte pelo monge Gustavo Mokusen, vice-presidente da associação.
Durante todos estes anos de treinamento no Japão, Mokugen San gravou em seu coração e jamais esqueceu o pensamento firme de beneficiar o Budismo do Brasil, divulgar o genuíno espírito do Zen e também propiciar um espaço físico adequado à prática do treinamento do Caminho. E agora, também como Superior do futuro Templo Zen das Alterosas, que pretende construir em Belo Horizonte, almeja compartilhar com os brasileiros a prática correta e genuína do Dharma de Buddha. Fonte: zen.org.br
Há muito tempo que não tenho mais contato com Zé Ramos. Só sei que ele descobriu o seu caminho e não teve dúvidas quanto ao seu futuro de paz e felicidade. Que Deus o proteja! Um grande abraço espinosense.  

166 - "Causos" e histórias espinosenses: Os ingênuos trotes no Banco do Brasil 1a4z14

Houve um tempo em que havia muitos garotos trabalhando no Banco do Brasil, em funções de e istrativo, denominados de menores-aprendizes. Eram selecionados entre os estudantes das escolas da cidade e eram exonerados perto de completar dezoito anos. Nesta época também, muitos jovens tomavam posse como funcionários da carreira istrativa, muitos deles vindos de outras cidades, algumas bem distantes. Os mais antigos funcionários, então, aplicavam alguns trotes para tirar um sarro e brincar com a inexperiência dos calouros. Por exemplo: alguém entregava um envelope fechado para um deles e o mandava entregar a alguém em determinado estabelecimento. O destinatário, já antecipadamente ado, abria o envelope e encaminhava o garoto para outro lugar. E assim, sucessivamente, até que alguém decidisse que era hora de encerrar a brincadeira, normalmente uma hora depois. Em outro trote, pedia-se ao garoto para se dirigir a uma papelaria para comprar um "envelope redondo" para colocar carta-circular. Noutra situação, entregava-se algumas folhas de carbono (ainda existe?) para o pobre garoto lavar. Havia também o pedido para procurar a máquina de achar diferenças de caixa.
Nas liberações de contratos agrícolas, centenas àquela época, entregava-se uma lista com os nomes dos agricultores para se fazer a chamada. Só que alguém incluía, na brincadeira, alguns nomes de pessoas famosas da História, tais como Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Édson Arantes do Nascimento (Pelé), Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) etc. E o menino ficava lá, por um bom tempo, chamando os caras que nunca apareciam.
Nesta época, havia uma revista interna do Banco, gratuita, chamada BIP, que publicava artigos sobre diversos assuntos bancários. Os novos funcionários eram convidados e convencidos a a revista, através de um cheque avulso em branco e quando recebiam o seu primeiro salário, muito bom por sinal, era descontada uma quantia que era usada para fazer uma farra entre a turma, com convite ao patrocinador da brincadeira. Era muito legal! Bons tempos aqueles. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.

sábado, 2 de julho de 2011 z1s71

165 - Morre em São Paulo o injustiçado ex-presidente Itamar Franco x4t9

Acabo de ler a triste notícia do falecimento, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, do ex-presidente e atual senador por Minas Gerais, Itamar Franco. Vítima de leucemia, Itamar, aos 81 anos de idade, estava internado desde o dia 21 de maio. Governou o Brasil de 1992 a 1994, depois de substituir o ex-presidente Collor, afastado por corrupção através de impeachment. Assumiu o governo em uma situação delicadíssima, com índices de inflação estratosféricos, um verdadeiro caos na economia e um ambiente político desfacelado com a queda do presidente. Com a austeridade que lhe era peculiar, seriedade e competência, ultraou este momento deveras conturbado, devolvendo a tranquilidade e a estabilidade ao país.
O Plano Real foi concebido em sua curta istração, estabilizando a economia, controlando a inflação e lançando uma nova moeda, o Real, que resiste até hoje. Infelizmente a imprensa brasileira, cujo maior poder está nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, nunca deu a ele a exata importância na reestruturação da economia do país. Prefere laurear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o grande responsável pela vitória no domínio da disparada inflacionária que fragilizava a economia brasileira. Não se trata de diminuir a importância crucial do então Ministro da Fazenda FHC, peça-chave no processo, mas o presidente Itamar Franco foi quem bancou a arriscada e dura empreitada no combate à inflação galopante do período. A ele nunca foram dados os méritos pela conquista, muito pelo contrário. Foi alvo de campanhas sórdidas da imprensa, principalmente no episódio do desfile do Carnaval de 1994 no Rio de Janeiro, em que uma modelo foi fotografada ao seu lado sem calcinha. Convidado de honra do camarote da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) no desfile de 1994, Itamar foi fotografado ao lado da modelo Lílian Ramos, que na ocasião estava sem calcinha. Virou notícia mundial. A revista Veja estampou a foto na capa, com reportagem especial espinafrando o presidente. Queriam o que? Que ele conferisse se a menina estava usando ou não calcinha naquela oportunidade? É brincadeira! E o que isto tinha a ver com a sua performance no exercício da presidência? Na época, fiquei revoltado com o espaço e a importância que a imprensa tinha dado ao caso. Ainda hoje ao lembrar deste episódio, fico triste ao ver como a imprensa manipula os acontecimentos para fazer a cabeça da população menos crítica. Lamentável!
O seu governo foi um dos poucos em que não se viu sequer denúncias de corrupção, coisa raríssima em nosso país recheado de falcatruas e maracutaias.

Vamos então conhecer um pouco da trajetória íntegra e digna de um político honesto, coisa rara em nossas plagas.  
Itamar Augusto Cautiero Franco (Salvador, 28 de junho de 1930 — São Paulo, 2 de julho de 2011) foi um político brasileiro, 33º presidente da República (1992-1994), vice-presidente (1990-1992), senador por Minas Gerais (1975-1978; 1983-1987; 1987-1991 e 2011) e governador do estado de Minas Gerais (1999-2003).  Bacharelou-se em engenharia civil na Escola de Engenharia de Juiz de Fora da Universidade Federal de Juiz de Fora em 1955. Ingressou na carreira política em 1958 quando, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi candidato a vereador de Juiz de Fora e mais posteriormente, em 1962, a vice-prefeito, não obtendo êxito em ambas as tentativas. Com o início do Regime Militar, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo prefeito de Juiz de Fora de 1967 a 1971 e reeleito em 1972, quando dois anos depois, renunciou ao cargo para candidatar-se, com sucesso, ao Senado Federal por Minas Gerais, em 1975. Ganhou influência no MDB, assim sendo eleito vice-líder do partido em 1976 e 1977. No início da década de 1980, com o pluripartidarismo restabelecido no país, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o sucessor do MDB. Em 1982, é eleito senador novamente, defendendo sempre as campanhas das Diretas Já, e votando no candidato oposicionista Tancredo Neves para presidente na eleição presidencial brasileira de 1985. Migrou para o Partido Liberal (PL) em 1986, ano em que concorreu ao governo de Minas Gerais, mas foi derrotado, voltando ao Senado em 1987 pela terceira vez. Em 1988, uniu-se ao governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, para lançar uma candidatura à presidência e vice-presidência do Brasil, pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Itamar, como vice-presidente, divergia em diversos aspectos da política econômico-financeira adotada por Collor, vindo a retirar-se do PRN e voltando ao PMDB em 1992. Seguindo o impeachment do presidente, assumiu interinamente o papel de chefe de Estado e chefe de governo em 2 de outubro de 1992 e o papel de Presidente da República em 29 de dezembro de 1992. Foi em seu governo que foi realizado um plebiscito sobre a forma de governo do Brasil, que deveria ter sido feita há 104 anos; o resultado foi a permanência da república presidencialista no Brasil. Durante sua incumbência, foi idealizado o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda. Foi sucedido pelo seu ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Opondo-se fortemente a seu sucessor, Itamar cogitou candidatar-se a Presidente em 1998 e 2002, mas não prosseguiu com a ideia e elegeu-se facilmente Governador de Minas Gerais em 1998.
Em 2002, apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva e se opôs à candidatura de José Serra, candidato apoiado por Fernando Henrique. Não tentou reeleição no estado de Minas Gerais. Lançou-se pré-candidato à presidência pelo PMDB em 2006, mas perdeu para Anthony Garotinho, tentando então a candidatura para o Senado, perdendo a candidatura para Newton Cardoso. Em maio de 2009, filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS). Nas eleições de 3 de outubro de 2010, foi eleito senador pelo estado de Minas Gerais, derrotando Fernando Pimentel do PT. Em 21 de maio de 2011, foi diagnosticado com leucemia. Alguns dias depois, se licenciou do Senado a fim de tratar-se da doença no Hospital Albert Einstein. No dia 27 de junho, um boletim médico do hospital divulgou que sua situação teria se agravado em virtude de uma pneumonia que o levou à UTI. Itamar faleceu na manhã do dia 2 de julho de 2011.
Fonte: Wikipedia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011 161y23

164 - O fantástico mundo das histórias em quadrinhos 4u2m4r

Será que estou enganado ou ninguém mais lê revistas em quadrinhos hoje em dia? Tenho percebido que as pessoas, principalmente os jovens, não mais se deliciam com as divertidas histórias de tantos personagens maravilhosos, contadas nas famosas revistinhas. De personagens engraçados a super-heróis imbatíveis, de seres mitológicos a animais falantes, de pistoleiros impiedosos a xerifes ferrenhos defensores da lei, de mágicos hipnotizadores a homens selvagens, as histórias em quadrinhos sempre tinham uma boa lição a ar aos leitores.
Quem não se lembra do Mandrake, criação de Lee Falk em 1934, com desenho de Phil Davis, um mágico hipnotizador que, elegantemente vestido de terno, capa, cartola e luvas, lutava contra os criminosos usando a sua técnica de hipnose instantânea, com a ajuda do inseparável gigante príncipe africano Lothar?
E o Fantasma (The Phantom), também criado por Falk em 1936 e desenhado por Davis, o mascarado de máscara preta e uniforme vermelho, que, munido de duas pistolas 45 carregadas na cintura e com a ajuda dos seus leais companheiros, o cavalo Herói e o lobo Capeto, combate os marginais mais perigosos?
Como não se lembrar de Tex Willer, o lendário ranger texano criado pela dupla Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini em 1948, que, ao lado dos amigos Kit Carson e o índio navajo Jack Tigre, mais o filho Kit Willer vivem as maiores aventuras no velho Oeste?
E o Homem-Aranha (Spider-Man), criação de Stan Lee e Steve Ditko em 1962, o aracnídeo super-herói que vive escondido sobre a pele do fotógrafo Peter Parker?
E o Demolidor (Daredevil), criação de Stan Lee e Bill Everett em 1964, o brilhante advogado cego que defende seus clientes durante o dia e que se transforma no vigilante mascarado que, à noite, sai à caça dos crimonosos?
E quem não se lembra da hilária dupla Mortadelo e Salaminho (Mortadelo y Filemón), criação de Francisco Ibáñez em 1958, os dois atrapalhados agentes da "T.I.A." que lutam bravamente contra a espionagem internacional?
E o famoso Homem de Aço, o Super-Homem (Superman), criação de Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938, o super-herói mais conhecido no mundo, dotado de poderes extraordinários?
E o Ken Parker, o "Rifle Comprido", o cowboy criado por Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo em 1974, na Itália, que vaga pela imensidão dos Estados Unidos promovendo a ordem e a justiça?
E o preguiçoso e bem-humorado recruta do Exército Americano, o Recruta Zero (Beetle Bailey), criação de Mort Walker em 1950, que vive às turras com o intragável Sargento Tainha e seu cachorro Oto?
E o Homem de Ferro (Iron-Man), criado em 1963 por Stan Lee e Don Heck, o playboy bilionário e encrenqueiro que combate criminosos a bordo de sua armadura indestrutível?
E o incrível Hulk, criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1962, o gigante verde em que se transforma o Dr. Robert Bruce Banner quando fica irritado com alguma coisa?
E o Capitão América (Captain America), criação de Joe Simon e Jack Kirby em 1941, o destemido mascarado de uniforme com as cores da bandeira americana e o seu escudo fantástico?
E o Zorro (Lone Ranger), criação de George Washington Trendle e equipe, e desenvolvido pelo escritor Fran Striker em 1933, o hábil atirador mascarado que, ao lado do índio companheiro de aventuras Tonto, defende a lei na América?
E o Gasparzinho, o Bolinha, a Luluzinha, a Turma da Mônica, o Thor, a Pantera Cor-de-Rosa, a dupla Tom & Jerry, o Manda-Chuva, o Gato Félix, o Pica-Pau, o Pernalonga, o Zé Colmeia, Os Flintstones, etc, etc? Tem histórias para todos os gostos, para todas as idades, para todos os iradores e cultuadores de uma boa história e de um bom personagem. Não deixem de ler, é sensacional!
Quanto aos maravilhosos personagens da Disney, fica para uma próxima postagem, OK?

163 - Será que vamos cair de novo? 10195o

A maldição continua. Mais uma derrota. E em casa. E de goleada. E jogando muito mal. O que será do Galo no Campeonato Brasileiro de 2011? Mais uma luta desesperada contra o rebaixamento? É o que se descortina para o time mais amado das Minas Gerais.
O Internacional veio fechadinho, com cinco jogadores no meio de campo e apenas o Leandro Damião no ataque. Mas mesmo assim, com a grande qualidade técnica de Tinga, Guiñazu, Zé Roberto, Oscar e D´Alessandro,  comandou o jogo e teve as melhores oportunidades para marcar. O Galo errava muitos es e tinha pouca movimentação dos seus jogadores de meio-campo e ataque, sendo facilmente envolvido pelos jogadores colorados. No segundo tempo é que a coisa degringolou de vez, com uma atuação medíocre e desalentadora. Poderia ter perdido de mais, tamanha era a facilidade com que o Inter chegava ao gol de Renan Ribeiro. Assim, só resta ao Galo vencer a qualquer custo, nas próximas rodadas, o Ceará, fora de casa, e o América, na Arena do Jacaré, para tentar subir na tabela e afastar a grande crise que se instalou na Cidade do Galo.
Como explicar por que uma equipe que tem em seu plantel jogadores da qualidade de um Daniel Carvalho, Réver, Dudu Cearense, Guilherme, Magno Alves, Mancini, Renan Oliveira, Serginho, Richarlyson, Renan Ribeiro, Leonardo Silva, entre outros, não consegue formar um time coeso, equilibrado e competitivo e consiga bons resultados na competição mais disputada do futebol brasileiro?
Apesar de ter o melhor centro de treinamentos do país, um treinador de ponta, considerado um dos melhores na atualidade, bons salários pagos religiosamente em dia e um grupo de jogadores de boa qualidade, a equipe do Atlético não consegue desenvolver um bom futebol, frustrando mais uma vez a apaixonada massa atleticana. Não há explicações racionais para isso. Só pode ser a maldição da santa que perdura até hoje (rs). Quando isso vai acabar? Só Deus sabe.
Estava até imaginando se isso fosse há dez anos, eu poderia reunir os atleticanos do 9 de Março (Eu, Zinho, Tintin, Fonso, Dai e Rubens) para atuar pelo Galo e tirar o time dessa situação vexatória (rs). Mas pensando melhor, a coisa é tão feia que se até o Messi e o timaço do Barcelona vierem jogar pelo Galo, é bem possível que eles não ganhem de ninguém. Ô maldição que não acaba nunca, sô! 
D´Alessandro e Oscar comemoram um dos gols do Internacional

O goleiro Muriel eo lateral Nei não deram chance a Guilherme
FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG 0 X 4 INTERNACIONAL
Local: Estádio Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (MG)
Data: 30 de junho de 2011 (quinta-feira)
Horário: 21h (horário de Brasília)
Árbitro: Paulo Henrique Godoy Bezerra (SC)
Público: 7.596 pagantes
Renda: R$ 73.705,00
Assistentes: Carlos Berkenbrock (SC) e Marco Antônio Martins (SC)
Cartões amarelos: (Atlético-MG) Patric, Richarlyson, Daniel Carvalho, Serginho (Internacional) D'Alessandro, Kléber
Cartão vermelho: (Atlético-MG) Guilherme Santos
Gols: Internacional: Leandro Damião aos 9, Zé Roberto aos 10, D'Alessandro aos 31 e Oscar aos 35 minutos do segundo tempo.
ATLÉTICO-MG: Renan Ribeiro; Patric, Réver, Leonardo Silva e Guilherme Santos, Serginho, Dudu Cearense (Wendel) (Mancini), Richarlyson e Daniel Carvalho, Magno Alves (Jônatas Obina) e Guilherme.
Técnico: Dorival Júnior
INTERNACIONAL: Muriel; Nei, Bolívar, Juan e Kléber; Guiñazu, Tinga (Bolatti), D'Alessandro (Ricardo Goulart) e Oscar; Zé Roberto (Fabrício) e Leandro Damião
Técnico: Paulo Roberto Falcão

Em tempo: Quero registrar a minha imensa alegria pelo recebimento de convite de formatura de dois queridos sobrinhos: Daniella Cangussu Tolentino, filha de Júlio César e Neli, que se forma em Zootecnia, e Dayvid Mayne Antunes Tolentino, filho de Marco Aurélio (Lelo) e Maria das Graças (Dedé), que se forma em Direito. Meus parabéns a eles e também a Luciana Oliva Barbosa Lima, filha de José Geraldo e Vilma, que também se forma em Zootecnia. Que Deus os proteja e lhes dê luz e sabedoria para exercer, com ética e dignidade, a sua profissão. Um grande abraço e felicidades.

162 - Espinosense pelo mundo: Gilberto de Abreu Barbosa n574z

Senhoras e senhores espinosenses, com a palavra, o multifacetado artista plástico Gilberto de Abreu:

Nasci na casa de meus pais, Milton Barbosa e Terezinha de Abreu Barbosa, na cidade de Espinosa, Minas Gerais, em 22 de janeiro de 1953, às seis horas da tarde. Em 1954, mudamos para Montes Claros; em 1955, para Itapeva-SP; em 1956, para a cidade de Trombudo Central, em Santa Catarina; e em 1957, voltamos para Montes Claros, quando meus pais se separaram.
Em 1960, com a morte de meu avô materno, viemos para Belo Horizonte. Morávamos eu, meus dois irmãos Gonçalo e Gilson, minha mãe, minha avó Edith e minha tia Isa, todos na mesma casa. Mudamos os seis para o bairro Floresta, à rua Itaúna, de onde me vem as primeiras lembranças de desenhos: com gravetos, desenhava no "nosso" campinho de futebol, e com pedaços de gesso e tijolo, desenhava pelos quintais e eios das ruas nas imediações da nossa casa.
Desenho com pintura e arame de 1979: "Meu avô cientista",
capa do disco "Sol de primavera" de Beto Guedes
Em 1964, mudamos todos para o centro da cidade - mais especificamente para o Edifício Levy, apartamento 1601. Lá, as primeiras amizades que fizemos foram com os Borges: o Lô e o Yé, e rapidamente, com toda a família. O Lô e o Yé eram da turma da Tupis (moçada que se reunia na esquina da Rua Tupis com Rua São Paulo), da qual faziam parte Beto Guedes, Leu, Grilo, Mará, Fred, Flamínio, Marco e Miguel, Napola, Márcio Ciranô, Eduardo Cançado, Boss, Zé Eduardo e Dudu Geral, turma a qual nos ligamos, eu e meus irmãos.
Como a maioria vinha do interior e morávamos em apartamentos, a cidade virou o quintal de nossa casa. No meio disso tudo, muita música e desenhos em papéis, telas, paredes e muros, somados a estudos ginasiais nos colégios Anchieta e Tancredo Guimarães, tendo duas bombas no percurso. A turma foi se dissolvendo até que, em 1970, chega de mudança para o nosso apartamento o primo Yuri Popoff e seu violão, vindo de Montes Claros. Depois, chegaram também seus irmãos Alik e Tânia e nossa prima Veruxka, aumentando consideravelmente a população do 1601 - que já era ponto obrigatório de todos os montes-clarenses "cabeças" e angustiados, todos atrás da sopa de Dona Edith, no começo dos anos 70.
Gilberto de Abreu - Making off - Construtivismo pop
A presença do Yuri me levou às tardes ao Conservatório de Música, mais precisamente à biblioteca, e também fortaleceu o contato com esse universo. Comecei a fazer cartazes e cenários para recitais, shows e festivais. Em 1972, depois de algumas viagens de carona, entrei para o curso livre da Escola Guignard, onde ei alguns meses intensos. Com a mesma liberdade que entrei, saí. Comecei a me interessar por quadrinhos e tomei noções de desenho animado com Ivan Pedro.
Em 1973, conheci a Miriam e nos juntamos. Moramos 40 dias em Brasília, onde ela morava - saída de Belo Horizonte e vinda da Bahia ainda criança, depois voltamos para Belo Horizonte e fomos morar no bairro São Lucas. Morávamos no fundo da casa de um músico, Melão, e seu conjunto Banquete 93 de Cogumelos. Em 1974, eu e Miriam levamos ao Jornal de Minas um projeto de uma Feira de Artes, a ser realizada em um dos quarteirões fechados da Praça Sete. Uma semana de shows, exposições e quadros a preços populares.
Pintando cenário
Realizamos esse evento e começaram a surgir novos amigos, dessa vez dos pincéis e tintas: Luis Maia, Humberto Guimarães, Benjamim, Gazinelli, Weiss, Mário Vale, Eimir, que me levaram a publicar em jornais e revistas independentes. E Roberto Wagner, uma parceria que me rendeu muitos trabalhos: "Risos e Facadas", "Galeria Submarindio", "Grupo Arco-Íris", entre outros. Em 1975 nasceu José Rafael, nosso primeiro filho. Por essa época comecei a ilustrar o suplemento literário do jornal Minas Gerais, no momento do "boom da literatura em Minas", e intensifiquei minha participação em salões. Além disso, comecei a fazer muitas pinturas ao vivo e performances junto a exposições coletivas, jornais, suplementos, cenários e adereços de teatro.
Óleo sobre tela: Noturna elétrica (2002)
Em 1979, minha mãe, com câncer já em estado adiantado, a o ano quase todo em hospitais, onde falece. Nasce também nossa filha Tamira. Mudamo-nos para o bairro Glória, onde começamos a construir uma casa. Sai um desenho meu na capa do álbum "Sol de Primavera", do Beto Guedes, tendo ótima repercussão nacional e trazendo para mim de novo a relação com os músicos. Faço cenário para o Lô Borges e sua "Via Láctea", viajamos com seu show para algumas cidades do Brasil. Em 1980/81, inicio parceria com Toninho Horta: participo da Orquestra Fantasma como cenógrafo, performer, às vezes diretor de cena, às vezes iluminador... etc.
Pintura "Edifício Quinze Garotas"
Em 1981, começo a freqüentar a Oficina Goeldi, quando lanço um livro de desenhos e poemas. Nasce Luando, nosso terceiro filho. A Oficina Goeldi me levou à gravura, e através do cineasta José Sette de Barros, também ao cinema. Depois, participei de um curta e um longa, realizados também pela Oficina, e trabalhei em outro longa com o Grupo Novo de Cinema e Helvécio Ratton. Enfim, a década de 80 ou entre exposições, cenários e o início, mais ao fim da década, da criação de óperas e operetas visuais, já uma mistura de música, poesia e pintura, reunindo, assim, várias facetas da minha vivência.
Tocando cavaquinho
O ano de 1990 começou agitado, com mudanças políticas, exposições, cenários para TV e shows, e terminou em Buenos Aires com a exposição do Grupo Azar, recém criado por brasileiros, argentinos e chilenos. Do Brasil, Gabriela Demarco, Rui Santana, Orlando Castaño e eu. Do Chile, Ivo Vergara. Da Argentina, Marina Decaro, Mário Soares e Anna Göebel, que mais tarde se mudaram para Belo Horizonte, onde continuamos nossa parceria em outros eventos. Depois, Joaquim Mascaró, do Uruguai, agregou-se ao grupo.
Com o Grupo Azar no Rio de Janeiro em 1982
Em 1991, fizemos algumas exposições e fechamos o ano no Chile, onde realizamos uma grande exposição do Grupo Azar. Em 1992, uma parceria com o músico Paulinho Pedra Azul rende livro, exposições, capa de disco etc. E chega a vez do Brasil receber o Grupo Azar: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Em 1993, fizemos Buenos Aires e muitas exposições no Brasil. Miriam adoece. Em 1994, em março, ela falece, fazendo desse ano um dos mais difíceis da minha vida.
Óleo sobre tela: "Retrato de Míriam"
Em 1995, retomo minhas atividades com a opereta poética apresentada na Bienal de Poesia e sigo com exposições, cenários e recitais, entre outros projetos. Nesse ano conheci Luciana, e ficamos juntos até o ano 2000. Essa relação alimentou a parte poética do meu trabalho, gerando livros e performances em eventos de poesia. Também retomei a produção no e quadrinhos, publicando minhas histórias na revista Graffiti. Além disso, participei da produção de filmes como cenógrafo do curta de Patrícia Moran e como montador do primeiro longa (ainda inédito) de Fábio Carvalho. Fecho 2001 concluindo um projeto que está sendo feito desde o início de 2000: o CD de poesia "João, Gilberto e Clarisse".
Gilberto de Abreu no Grande Arco de La Defense, em Paris
Gilberto de Abreu Barbosa
"O Beto traz para perto da gente a ligação do sonho com o real. Liga o consciente ao inconsciente como quem abre uma janela e deixa entrar o sol."
Lô Borges, músico, 1984

Veja aqui o currículo do Gilberto:

161 - "Causos" e histórias espinosenses: O nosso maior orador 71d56

O maior orador da cidade, o homem que tinha o dom da palavra fácil, com toda a sua eloquência e os seus famosos suspensórios. Este era o Senhor Geraldo Anacleto, comerciante que tinha a sua loja na Praça Coronel Heitor Antunes. Personagem assíduo nas comemorações cívicas da cidade, principalmente nos festejos do 7 de setembro, quando todos os alunos ficavam perfilados sob um sol escaldante em frente ao palanque da praça da Prefeitura, para ouvir os discursos das autoridades municipais. Seu Geraldo Anacleto, com sua barriga proeminente e seus elegantes suspensórios, era o grande mestre de cerimônias nestas ocasiões. Nós, estudantes, não gostávamos muito dos discursos do nosso grande orador, pois enquanto ele discursava solenemente por um tempo bastante longo, nós ficávamos ali de pé, em fila indiana, debaixo de um sol abrasador, sem poder debandar, sob o olhar compenetrado dos nossos professores. Não era mole não!
O senhor Geraldo Anacleto foi homenageado pela Câmara Municipal ao receber o título de Cidadão Honorário de Espinosa nos anos 70, merecidamente. Era uma pessoa muito querida na comunidade.
Diz a lenda que um comerciante da cidade, a quem ficticiamente chamarei de Pedrão, depois de ver encalhado em seu estabelecimento (sem vender uma única peça), um grande lote de determinada mercadoria, decidiu se livrar daquele problema. Ou seja, decidiu "empurrar" o pepino para frente. Depois de matutar bastante, ele teve uma ideia. Contratou alguns meninos e pediu a eles que se dirigissem até o comércio de Sêo Geraldo, lá na praça, por vários dias e em horários diferentes, perguntando se havia disponível para compra a tal mercadoria. A intensa procura deixou-o chateado pela perda da oportunidade de venda e consequente lucro. Dias depois, como quem não queria nada, o comerciante Pedrão ou por lá para bater um papo e saber das novidades. Conversa vai, conversa vem, ele introduziu no papo o assunto da grande procura pela tal mercadoria. Sêo Geraldo então confessa que se tivesse um estoque daquele produto, teria vendido tudo nos últimos dias, já que a procura estava muito grande. O esperto comerciante então, se fazendo de inocente, conta a ele que, por coincidência, acabara de receber uma grande quantidade e que cederia, com a maior boa vontade e pelo melhor preço, a "metade" (leia-se tudo) da mercadoria tão procurada. E assim aconteceu. Sêo Geraldo Anacleto recebeu o lote da mercadoria, pagou à vista e ainda agradeceu emocionado ao seu colega pela atitude tão sublime. Terminada a negociação e a entrega dos produtos pelo espertalhão, eis que nunca mais se viu ninguém procurando por aquela famosa mercadoria, que a partir dali apodreceu abandonada em alguma das prateleiras da loja de Sêo Geraldo Anacleto até os seus últimos dias de vida.   
Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
Obs: As fotos da cerimônia na Câmara Municipal  me foram gentilmente cedidas pelo Sissi Caldeira, a quem agradeço.
Sr. Geraldo Anacleto assina documento na Câmara Municipal de
Espinosa, tornando-se cidadão honorário espinosense ao lado
dos vereadores Albino da Costa Ramos, Lauro Mendes e Luiz
Antunes Caldeira, o Sissi. O inusitado da foto é que além dos
salgadinhos sobre a mesa, há duas garrafas de whisky, fato
que seria considerado politicamente incorreto nos dias atuais.

Sr. Geraldo Anacleto recebe cumprimentos pela homenagem
da Câmara Municipal de Espinosa. Estão presentes na foto
os vereadores Lourinho d´Os Cardeais, Dão de Vita e Jefferson.