Espinosa, meu éden 6r4r4o

Espinosa, meu éden

domingo, 10 de julho de 2011 u1r2w

172 - O grande desenvolvimento de Espinosa nos últimos 40 anos f522p

Muita gente não se dá conta, principalmente os mais jovens, mas a cidade de Espinosa, assim como todo o país, ou por grandes transformações nos últimos 40 anos, um tempo não tão longo assim. É claro que nem todas as mudanças foram boas, mas há muita coisa para comemorar.
Então vejamos: as notícias ruins vem da degradação dos nossos rios, da insegurança pública, da proliferação do tráfico e consumo de drogas e do desrespeito às leis do silêncio, males que afetam a maioria das cidades brasileiras.
Seca do Rio São Domingos no distrito do Mingu

Sangradouro da Barragem do Estreito em tempo de seca

Leito do Rio Bom Sucesso (Galheiro)

Triste cenário do Rio Bom Sucesso na região do Cigano

Parte da Barragem do Estreito completamente vazia 
Por outro lado, as melhorias na vida da população são inúmeras e amplamente benéficas. Vamos a algumas delas. Tomemos por base um período qualquer no final da década de 60 e início dos anos 70. Os mais velhos como eu se lembram bem da precariedade dos banheiros da época, em que as necessidades fisiológicas eram feitas em um buraco no chão que desaguava numa fossa, normalmente fora da casa, lá no fundo do quintal, sem o mínimo de condições de salubridade. Hoje todo mundo, imagino, tem banheiro com vaso sanitário. Um avanço abissal.
Antiga fossa seca usada nas casas de antigamente

Banheiros modernos e higiênicos
Outra conquista importante foi o asfaltamento das rodovias. Naquela época era um sacrificio viajar por estradas poeirentas e esburacadas em carros sem o mínimo de conforto. E quando chegava a época das chuvas? A lama e os atoleiros dificultavam sobremaneira as viagens, quando não deixavam as estradas completamente intransitáveis. Hoje as estradas da nossa região são de boa qualidade, facilitando o o a grande parte do país.
Caminhão atolado na saída da cidade
para Monte Azul. O local da fotografia seria
hoje entre a rodoviária e o hospital

Ponte sobre o Rio Verde Pequeno, na divisa Minas-Bahia
Outro avanço indiscutível se deu na qualidade das construções, tanto de moradia quanto as comerciais. Podemos perceber facilmente a enorme quantidade de belas casas e lojas que foram e estão sendo construídas na cidade, embelezando o cenário das nossas praças, ruas e avenidas. Antigamente, como na minha Rua da Resina, as casas eram geminadas, ou seja, construídas em parede-meia (parede comum a duas edificações contíguas). Lembro-me bem que às vezes não conseguia dormir na casa de minha mãe, pois o meu quarto ficava colado à sala da casa de Sêo Dió Toxente, que varava a noite jogando truco com os seus amigos. Ficava a noite inteira escutando: "truco vale 6!". Era uma tortura. Na atualidade as casas são bem construídas, separadas nas laterais das casas vizinhas e com bastante espaço na frente, permitindo um melhor controle da intimidade das famílias.
Casas geminadas na Rua da Resina

Bela e grande loja de móveis e eletrodomésticos da cidade 
Centro comercial com belas lojas na Avenida Minas Gerais
E no "campo" dos esportes, como a coisa melhorou. Jogávamos em campos de terra batida, alguns em péssima condição, cheios de buracos, pedras e mato e utilizando chuteiras (como o famoso kichute) de qualidade muito ruim. Os apreciadores de futebol tem hoje o a calçados leves e confortáveis, a bolas de ótima qualidade e o principal, campos gramados para a prática do esporte. Que diferença, hein? Só não sei dizer se a qualidade do futebol apresentado pelos atletas melhorou.
Garotos batem bola em um campinho de terra batida como
os nossos de antigamente

Um dos campos gramados na propriedade do Só Montão

Campo society Izaías Mariano Mendes, da AABB-Espinosa
Um dos problemas mais complicados em Espinosa há muito tempo atrás era a geração de energia para iluminação das casas e logradouros públicos. A energia era produzida por um enorme e velho motor que se localizava ali próximo da caixa d´água da Copasa. A iluminação era precária e era desligada às 22 horas. Imaginem a dificuldade da comunidade naquela época. Só em 1975 a energia elétrica da Cemig chegaria à cidade para resolver de vez essa anomalia.
O motorzão que gerava energia para toda a cidade de Espinosa
ficava ali do lado direito, onde está estacionado o ônibus

Instalações dos novos postes de energia elétrica
na Praça Heitor Antunes no ano de 1975

A Praça Antonino Neves à noite
Outro avanço imenso se deu na qualidade da comunicação em massa. Antes tínhamos apenas a Cotesp de Joãozinho para nos atender, com sua única centena de telefones em toda a cidade. Era um luxo para poucos. Hoje temos várias companhias telefônicas e a propagação enlouquecida de telefones celulares invade a vida das pessoas.
Prédio da extinta COTESP - Companhia telefônica de Espinosa
Antigos telefones de discos

Os celulares, máquinas modernas repletas de funções e tecnologia
E no campo do entretenimento também houve imenso progresso em Espinosa. Recordo-me bem que a chegada da televisão na cidade causou um enorme rebuliço. A prefeitura disponibilizava um aparelho na praça para que todos pudessem assistir às novelas, noticiários e programas de auditório, principalmente. Detalhe: as imagens ainda eram em preto e branco. Formava-se uma multidão na praça para acompanhar a programação. Já imaginaram a cena? Que dificuldade, não? Na minha infância, íamos assistir desenhos animados como "Tom e Jerry" e novelas como "Jerônimo, o herói do sertão", na casa de Sêo Vavá, único proprietário de uma televisão na Rua da Resina naquela época. Ficávamos sentados no chão, debaixo da mesa, dezenas de moleques, encantados com aquela novidade espetacular. Era o maior barato! Hoje é difícil encontrar uma casa que não tenha a sua televisão. Na zona rural as antenas parabólicas já fazem parte do cenário e as informações chegam a todos os recantos da cidade. Só espero que o mesmo fenômeno aconteça com o o à Internet, incluindo toda a população na rede mundial de computadores, para receber, em segundos e em tempo real, informações, notícias, imagens e conhecimento.
Grupo de jovens assistem televisão
A antena parabólica leva as imagens da TV a todos os lugares

O mundo inteiro ao alcance de um clique na Internet
Temos muito o que comemorar, mas não podemos perder de vista as coisas simples da vida, quais sejam o contato com as pessoas, o carinho e o cuidado com as crianças e com os mais velhos, as tradições dos nossos anteados, o respeito às leis que regem a comunidade, o respeito aos direitos dos outros, a solidariedade com os menos afortunados, o cuidado com a preservação dos rios, a humildade e a alegria. Que venham os novos tempos e as suas benesses, para transformar para melhor as nossas vidas.
Boa viagem ao futuro, Espinosa!  

171 - Mais uma conquista da equipe de Montes Claros no society 4u6d42

Neste sábado, 9 de julho, na AABB-Montes Claros, aconteceu mais um evento de confraternização entre os funcionários do Banco do Brasil, reunindo o pessoal de algumas redes de agências da região. Participaram equipes das redes de Salinas, Janaúba, Curvelo, Januária e Montes Claros. Houve competições de futebol society, peteca, sinuca, truco e buraco. Mais uma vez a equipe de Montes Claros ficou com o título de campeã na modalidade de futebol society, ao ganhar por 4 x 2, na final, da equipe de Salinas. A equipe de Montes Claros jogou e venceu com Leonardo (Eduardo), Tiãozinho, Paulinho (Élcio) e Deraldo; Tiago, Eustáquio e Ricardo; Adão (Silvano). O interessante é que deste time, muitos são ou tem relações afetivas com a nossa querida Espinosa: Tiago é filho de Quinha, Ricardo é meu filho, eu e Deraldo somos espinosenses, Tiãozinho e Adão trabalharam na agência do BB em Espinosa e a família de Silvano é de Urandi. Ou seja, a turma de Espinosa faz sucesso vestindo a camisa de Montes Claros.
O árbitro Japão autoriza o pontapé inicial da final do futebol society
pelo Secretário de Esportes de Montes Claros, Antônio Eustáquio
Gomes, ao lado de Ney Augusto Resmer Vieira, Superintendente Regional do BB
Equipe campeã na modalidade futebol society:
Tiago, Leonardo, Tiãozinho, Paulinho, Eduardo e Adão;
Silvano, Ricardo, Eustáquio e Deraldo.
Equipe de Salinas, vice-campeã

Lance da partida Montes Claros 5 x 2 Januária

Após os jogos, a confraternização com música ao vivo de
Lindomar Coimbra: Zena, Cléa, Eustáquio e Jairo.

sexta-feira, 8 de julho de 2011 1wq2a

170 - "Causos" e histórias espinosenses: Essa nossa mania de falar errado... 4z6o1p

Nós, brasileiros, aprendemos cedo na escola como ler e escrever algumas das milhares de palavras da nossa riquíssima língua portuguesa. Entretanto, temos a mania de falar errado. Talvez por preguiça, quiçá por vício de linguagem, eventualmente pela convivência com outros interlocutores ou simplesmente por displicência. O fato é que falamos errado sim, mesmo conhecendo a forma culta das palavras da nossa língua. Pois bem. Um grande amigo, a quem chamarei de Pedrinho*, por quem tenho o maior carinho e respeito, tinha uma mania danada de falar errado algumas palavras que continham o dígrafo "LH". Ele constantemente trocava o "LH" pelo "I". Nas oportunidades em que nos encontrávamos para um bom bate-papo, eu sempre o alertava sobre o erro. Mas não tinha jeito. Ele sabia que estava errado, mas nunca conseguia pronunciar corretamente as palavras. Ao invés de dizer folha, ele dizia fôia; a palavra baralho, ele pronunciava baraio; em vez de falar telha, ele falava teia e assim por diante. Era muito engraçado. Até que um belo dia, estávamos em um barzinho tomando umas cervejas geladas, quando ao flagrá-lo mais uma vez falando incorretamente algumas dessas palavras, chamei-o para uma aposta, na tentativa de mudar de uma vez por todas aquela mania que já estava incomodando. Eu lhe pagaria cinco cervejas se ele dizesse dez palavras sem cometer esse tipo de erro. Ao que ele, incontinênti, respondeu: - Óóóóóia, canaia! Faiô a gaiofa, paiaço! Se óia no espeio, veiaco. Ô véio, é mió num espaiá isso no meu trabaio, hein? (Traduzindo: Olha, canalha! Falhou a galhofa, palhaço! Se olha no espelho, velhaco. Ô velho, é melhor não espalhar isso no meu trabalho, hein?) Naquele momento vi que não iria conseguir mudá-lo. Era um caso perdido. Desisti.
Coisas de Espinosa. Um grande abraço espinosense.
* Pedrinho: nome fictício.


169 - Mazzaropi, o famoso caipira do cinema que encantou a minha juventude 34026

Desde criança fui arrebatado pela magia do cinema. E que sala de cinema tinha Espinosa à época! O Cine Coronel Tolentino, de Tidim e Nelito, era maravilhoso! Ainda me lembro com detalhes das suas instalações ali na Praça Antonino Neves: suas enormes portas de ferro com pequenas aberturas que nos permitiam espiar o que acontecia lá dentro; as belas cortinas que fechavam os corredores de o, as janelas e a tela grande; a pequena abertura gradeada onde comprávamos as entradas; o cone de madeira na entrada onde eram jogados os ingressos; os belos cartazes de filmes emoldurados nas paredes; a escada lateral que levava à sala de projeção, minha maior curiosidade; as confortáveis poltronas vermelhas reclináveis; as luzes coloridas no teto de madeira que piscavam antes de ser apagadas para o início do filme; a clássica música de abertura que embalava a esperada abertura das cortinas. Isso tudo sem contar os pequenos pedaços cortados de cenas dos filmes que eram dispensadas ao lixo pela janela da sala de projeção e que faziam a nossa alegria e que eram disputadíssimos por todos aqueles moleques fissurados em cinema. Quanta saudade! Nem mesmo o cinema de Montes Claros, na época, era tão bom como o "nosso". 
Foi aí nesta fábrica de sonhos que eu conheci Tarzan (Johnny Weissmuller), Ringo (Giuliano Gemma), Django (Franco Nero), Sartana (Gianni Garko), Trinity e Bambino (Terence Hill e Bud Spencer), Os Trapalhões e principalmente Mazzaropi. Não perdia um de seus filmes, que me divertiam à beça. Ainda sou um grande irador do trabalho desse expoente do cinema brasileiro de todos os tempos. Vamos então conhecer um pouco da sua história.


O ator, produtor e cantor Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo, aos 9 de abril de 1912, filho do imigrante italiano Bernardo Mazzaropi e da portuguesa Clara Ferreira. Desde cedo destaca-se na escola declamando poesias e participando de peças teatrais. Mais tarde, amplamente influenciado pelo avô artista, apaixonou-se pelo circo, onde começou contando "causos" e anedotas. Já em 1932, ele estreia a sua primeira peça de teatro chamada "A herança do Padre João". A partir de 1935, já com a sua própria companhia de teatro, inicia uma longa turnê pelo interior do estado de São Paulo. ou ainda pelo rádio e pela televisão até estrear o seu primeiro filme, em 1952, chamado "Sai da Frente", produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz.


Depois de trabalhar em mais algumas fitas de outras produtoras, decide produzir os seus próprios filmes e cria a PAM Filmes, Produções Amácio Mazzaropi, que aria também a fazer a distribuição das suas películas por todo o país. O primeiro trabalho na nova produtora é o filme "Chofer de praça". No ano de 1961, Mazzaropi compra uma fazenda em Taubaté, onde inicia a construção de um estúdio de gravação que resultará em seu primeiro filme colorido, "Tristeza do Jeca", que faz um enorme sucesso.  Em 1975 inicia a construção de um grande estúdio cinematográfico, com oficina de cenografia e hotel para os atores e técnicos, onde produziria mais alguns filmes. Quando filmava o seu 33º filme, "Maria Tomba Homem", ele veio a falecer aos 69 anos de idade, aos 13 de junho de 1981, no Hospital Albert Einstein de São Paulo, devido a um câncer na medula óssea, deixando inacabada a sua última obra.
Apesar do enorme sucesso de suas produções e da imensa popularidade entre a população brasileira, Mazzaropi nunca teve o devido reconhecimento do seu trabalho pela crítica e pela intelectualidade, sendo bastante criticado pela qualidade e temática de seus filmes.
Em 1994, nas instalações da sua fazenda, onde estão o seu hotel e o seu estúdio cinematográfico, foi inaugurado o Museu Mazzaropi, onde estão expostos todos os seus trabalhos e mais de 6000 peças de sua extensa e relevante carreira.


Filmografia:
Sai da frente (1951)
Nadando em dinheiro (1952)
Candinho (1953)
O gato da madame (1954)
A carrocinha (1955)
Fuzileiro do amor (1956)
O noivo da girafa (1957)
Chico Fumaça (1958)
Chofer de praça (1958)
Jeca Tatu (1959)
As aventuras de Pedro Malazartes (1959)
Zé do Periquito (1960)
Tristeza do Jeca (1961)
O vendedor de linguiça (1961)
Casinha pequenina (1962)
O Lamparina (1963)
Meu Japão brasileiro (1964)
O puritano da Rua Augusta (1965)
O corintiano (1966)
O Jeca e a freira (1967)
No paraíso das solteironas (1969)
Uma pistola para Djeca (1969)
Betão Ronca Ferro (1971)
O grande xerife (1972)
Um caipira em Bariloche (1973)
Portugal... minha saudade (1974)
O Jeca macumbeiro (1975)
Jeca contra o capeta (1976)
Jecão, um fofoqueiro no céu (1977)
O Jeca e seu filho preto (1978)
A banda das velhas virgens (1979)
O Jeca e a égua milagrosa (1980)
Maria Tomba Homem (não concluído)
No excelente filme "Tapete Vermelho", é prestada uma emocionante homenagem ao gênio Amâncio Mazzaropi. O ator Matheus Nachtergaele, numa interpretação espetacular, relembra o personagem caipira criado por ele em cada cena, até cumprir a promessa ao filho de levá-lo a assistir um filme do Mazzaropi.
O filme, de Luiz Alberto Pereira, que foi lançado em 2006, é uma produção para se guardar, pois seguramente um dia irá figurar entre as melhores produções do cinema nacional.
A excelente fotografia, a história singela e muito bem feita, a interpretação de Matheus e seus parceiros e até Paulo Goulart, de motorista de caminhão arranhando com seu vozeirão um dos sucessos musicais de Mazzaropi, ficaram simplesmente inesquecíveis... Fonte: gentedanossaterra.com.br

168 - "Causos" e histórias espinosenses: A terrível e hilária queda de moto ho5f

Lá pelos anos 80, era comum a nossa participação em partidas de futebol de salão em cidades vizinhas que, invariavelmente, terminavam em farras muito animadas. Em uma dessas oportunidades, fomos jogar em Monte Azul, no clube do BNB, e após a partida, claro, houve aquela cervejada. Não me lembro do resultado do jogo nem do time adversário, mas isso é o que menos nos importava. O legal mesmo era fazer amizades, bater uma bolinha e logo depois, tomar muita cerveja com a turma que nos recepcionava com muito carinho e consideração. A estrada que nos liga a Monte Azul ainda era de terra, nada de asfalto. Então, depois de muita confraternização, resolvemos que era hora de nos mandar de volta à Espinosa. Pedrão*, funcionário, e Pedrinho*, menor-aprendiz do Banco do Brasil voltavam de moto. Naquela época ninguém usava capacete ainda. Eu possuía um Chevette e estava voltando com meu primo Júlio César quando, em uma curva próxima à linha férrea que margeava a estrada, deparamo-nos assustados com Pedrão, meio ensanguentado, sinalizando desesperadamente com os braços, parado no meio da estrada, pedindo para que eu parasse. Pedrinho estava caído perto dali. Eles haviam caído da moto, na curva. Na hora, pensei o pior. Mas os caras deram muita sorte, pois saíram da estrada e foram arremessados contra uma moita bastante espessa à beira dos trilhos, que lhes amorteceu a queda.

Rapidamente colocamos os dois no carro, Pedrão no banco da frente, rebaixado, e Pedrinho deitado no banco de trás. Júlio ficou responsável por levar a moto de volta para casa. Saí em disparada para levá-los o mais rapidamente possível ao hospital em Espinosa. A situação era preocupante, mas ao mesmo tempo hilária. Durante o percurso, Pedrinho, bastante machucado e totalmente desorientado, se levantava a todo momento do banco traseiro e me perguntava: - Onde estou? Onde a gente estava? O que a gente estava fazendo? Eu estava com quem? Para onde estamos indo? Eu pacientemente tentava acalmá-lo, explicando tudo. Só depois de um tempo ele se deu conta do que havia acontecido e então bateu o medo de enfrentar a sua mãe. Pediu que sua mãe, que foi minha professora no grupo escolar, não fosse avisada do acontecimento, pois ao saber do que ocorrera, ela iria castigá-lo severamente. Mais uma vez, consegui acalmá-lo até chegar ao hospital em Espinosa. Deixei os dois lá sendo atendidos pelo médico e me dirigi à casa de Dona Maria* para comunicá-la sobre o acidente. Depois de contar todo o acontecido, ela, ainda assustada e bastante preocupada, foi vê-lo no hospital, mas não para castigá-lo, como ele imaginava. Depois do atendimento médico, Pedrinho recebeu alta e ficou alguns dias se recuperando do acidente em casa, sob os afetuosos cuidados da mãe. No final, ele se recuperou rapidamente, sem sequelas e sem levar qualquer castigo da mamãe. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.
* Nomes fictícios.

167 - Espinosenses pelo mundo: José da Costa Ramos, o Monge Mokugen San 2l5e3b

O fazendeiro e juiz de paz Sebastião da Costa Ramos, bastante conhecido na cidade de Espinosa como "Sêo" Tião Ramos, morava na Rua da Resina e, ao lado de Dona Ana Perpétua, constituiu uma grande família, com vários filhos. Entre eles o José da Costa Ramos. Todos eles foram meus vizinhos por muitos anos, pois morávamos em frente da sua casa. Zé Ramos, como o conhecíamos, formou-se em Odontologia em Belo Horizonte e, depois de exercer a profissão por algum tempo, abandonou tudo para se dedicar ao Budismo, causando enorme surpresa aos amigos e familiares.
Diz a lenda, bastante interessante, que Zé Ramos, em um jogo de futebol na cidade de Urandi-BA, acertou um potentíssimo chute na trave do time adversário. Até aí tudo bem, aconteceu mesmo. O que causa estranhamento até hoje é a informação de que, devido à potência do chute desferido pelo atleta espinosense, a trave continua a balançar até hoje. Isso eu não posso provar. Pois bem, voltemos à história do nosso conterrâneo de coração nipônico.  
O monge José Costa Mokugen San, que nasceu na cidade de Espinosa (MG), é o presidente da ACOO - Associação Cultural Oriente-Ocidente, com sede na cidade mineira de Belo Horizonte. Formou-se em Odontologia em 1978 pela UFMG, mas em 1991 abandonou a profissão e partiu para o Japão em busca da Iluminação, onde se tornou o primeiro brasileiro a completar o treinamento formal no famoso Mosteiro de Eihei-ji, principal mosteiro no Japão e no mundo da escola Zen Budista. Galgou todas as etapas do treinamento até que, em 2005, foi denominado como Monge Superior ou Abade do Templo de Shosenji, na província de Aichi, no Japão.
Em abril de 2008 recebeu do embaixador do Brasil no Japão uma condecoração em reconhecimento pela sua trajetória, consagrando-o ali como uma das maiores personalidades brasileiras no Zen. Mokugen San é, sem dúvida, uma das autoridades de nacionalidade brasileira mais significativas dentro do Budismo Zen.
Os monges budistas Mokusen e Mokugen San (Zé Ramos)
Mokugen San reside no Japão desde 1991 e possui laços estreitos com os órgãos oficiais do Budismo japonês, atuando de forma reconhecida em vários Templos Budistas de várias cidades daquele país. Enquanto não retorna ao Brasil, a ACCO é representada em Belo Horizonte pelo monge Gustavo Mokusen, vice-presidente da associação.
Durante todos estes anos de treinamento no Japão, Mokugen San gravou em seu coração e jamais esqueceu o pensamento firme de beneficiar o Budismo do Brasil, divulgar o genuíno espírito do Zen e também propiciar um espaço físico adequado à prática do treinamento do Caminho. E agora, também como Superior do futuro Templo Zen das Alterosas, que pretende construir em Belo Horizonte, almeja compartilhar com os brasileiros a prática correta e genuína do Dharma de Buddha. Fonte: zen.org.br
Há muito tempo que não tenho mais contato com Zé Ramos. Só sei que ele descobriu o seu caminho e não teve dúvidas quanto ao seu futuro de paz e felicidade. Que Deus o proteja! Um grande abraço espinosense.  

166 - "Causos" e histórias espinosenses: Os ingênuos trotes no Banco do Brasil 1a4z14

Houve um tempo em que havia muitos garotos trabalhando no Banco do Brasil, em funções de e istrativo, denominados de menores-aprendizes. Eram selecionados entre os estudantes das escolas da cidade e eram exonerados perto de completar dezoito anos. Nesta época também, muitos jovens tomavam posse como funcionários da carreira istrativa, muitos deles vindos de outras cidades, algumas bem distantes. Os mais antigos funcionários, então, aplicavam alguns trotes para tirar um sarro e brincar com a inexperiência dos calouros. Por exemplo: alguém entregava um envelope fechado para um deles e o mandava entregar a alguém em determinado estabelecimento. O destinatário, já antecipadamente ado, abria o envelope e encaminhava o garoto para outro lugar. E assim, sucessivamente, até que alguém decidisse que era hora de encerrar a brincadeira, normalmente uma hora depois. Em outro trote, pedia-se ao garoto para se dirigir a uma papelaria para comprar um "envelope redondo" para colocar carta-circular. Noutra situação, entregava-se algumas folhas de carbono (ainda existe?) para o pobre garoto lavar. Havia também o pedido para procurar a máquina de achar diferenças de caixa.
Nas liberações de contratos agrícolas, centenas àquela época, entregava-se uma lista com os nomes dos agricultores para se fazer a chamada. Só que alguém incluía, na brincadeira, alguns nomes de pessoas famosas da História, tais como Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), Édson Arantes do Nascimento (Pelé), Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) etc. E o menino ficava lá, por um bom tempo, chamando os caras que nunca apareciam.
Nesta época, havia uma revista interna do Banco, gratuita, chamada BIP, que publicava artigos sobre diversos assuntos bancários. Os novos funcionários eram convidados e convencidos a a revista, através de um cheque avulso em branco e quando recebiam o seu primeiro salário, muito bom por sinal, era descontada uma quantia que era usada para fazer uma farra entre a turma, com convite ao patrocinador da brincadeira. Era muito legal! Bons tempos aqueles. Coisas de Espinosa! Um grande abraço espinosense.

sábado, 2 de julho de 2011 z1s71

165 - Morre em São Paulo o injustiçado ex-presidente Itamar Franco x4t9

Acabo de ler a triste notícia do falecimento, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, do ex-presidente e atual senador por Minas Gerais, Itamar Franco. Vítima de leucemia, Itamar, aos 81 anos de idade, estava internado desde o dia 21 de maio. Governou o Brasil de 1992 a 1994, depois de substituir o ex-presidente Collor, afastado por corrupção através de impeachment. Assumiu o governo em uma situação delicadíssima, com índices de inflação estratosféricos, um verdadeiro caos na economia e um ambiente político desfacelado com a queda do presidente. Com a austeridade que lhe era peculiar, seriedade e competência, ultraou este momento deveras conturbado, devolvendo a tranquilidade e a estabilidade ao país.
O Plano Real foi concebido em sua curta istração, estabilizando a economia, controlando a inflação e lançando uma nova moeda, o Real, que resiste até hoje. Infelizmente a imprensa brasileira, cujo maior poder está nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, nunca deu a ele a exata importância na reestruturação da economia do país. Prefere laurear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como o grande responsável pela vitória no domínio da disparada inflacionária que fragilizava a economia brasileira. Não se trata de diminuir a importância crucial do então Ministro da Fazenda FHC, peça-chave no processo, mas o presidente Itamar Franco foi quem bancou a arriscada e dura empreitada no combate à inflação galopante do período. A ele nunca foram dados os méritos pela conquista, muito pelo contrário. Foi alvo de campanhas sórdidas da imprensa, principalmente no episódio do desfile do Carnaval de 1994 no Rio de Janeiro, em que uma modelo foi fotografada ao seu lado sem calcinha. Convidado de honra do camarote da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) no desfile de 1994, Itamar foi fotografado ao lado da modelo Lílian Ramos, que na ocasião estava sem calcinha. Virou notícia mundial. A revista Veja estampou a foto na capa, com reportagem especial espinafrando o presidente. Queriam o que? Que ele conferisse se a menina estava usando ou não calcinha naquela oportunidade? É brincadeira! E o que isto tinha a ver com a sua performance no exercício da presidência? Na época, fiquei revoltado com o espaço e a importância que a imprensa tinha dado ao caso. Ainda hoje ao lembrar deste episódio, fico triste ao ver como a imprensa manipula os acontecimentos para fazer a cabeça da população menos crítica. Lamentável!
O seu governo foi um dos poucos em que não se viu sequer denúncias de corrupção, coisa raríssima em nosso país recheado de falcatruas e maracutaias.

Vamos então conhecer um pouco da trajetória íntegra e digna de um político honesto, coisa rara em nossas plagas.  
Itamar Augusto Cautiero Franco (Salvador, 28 de junho de 1930 — São Paulo, 2 de julho de 2011) foi um político brasileiro, 33º presidente da República (1992-1994), vice-presidente (1990-1992), senador por Minas Gerais (1975-1978; 1983-1987; 1987-1991 e 2011) e governador do estado de Minas Gerais (1999-2003).  Bacharelou-se em engenharia civil na Escola de Engenharia de Juiz de Fora da Universidade Federal de Juiz de Fora em 1955. Ingressou na carreira política em 1958 quando, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi candidato a vereador de Juiz de Fora e mais posteriormente, em 1962, a vice-prefeito, não obtendo êxito em ambas as tentativas. Com o início do Regime Militar, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo prefeito de Juiz de Fora de 1967 a 1971 e reeleito em 1972, quando dois anos depois, renunciou ao cargo para candidatar-se, com sucesso, ao Senado Federal por Minas Gerais, em 1975. Ganhou influência no MDB, assim sendo eleito vice-líder do partido em 1976 e 1977. No início da década de 1980, com o pluripartidarismo restabelecido no país, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o sucessor do MDB. Em 1982, é eleito senador novamente, defendendo sempre as campanhas das Diretas Já, e votando no candidato oposicionista Tancredo Neves para presidente na eleição presidencial brasileira de 1985. Migrou para o Partido Liberal (PL) em 1986, ano em que concorreu ao governo de Minas Gerais, mas foi derrotado, voltando ao Senado em 1987 pela terceira vez. Em 1988, uniu-se ao governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, para lançar uma candidatura à presidência e vice-presidência do Brasil, pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Itamar, como vice-presidente, divergia em diversos aspectos da política econômico-financeira adotada por Collor, vindo a retirar-se do PRN e voltando ao PMDB em 1992. Seguindo o impeachment do presidente, assumiu interinamente o papel de chefe de Estado e chefe de governo em 2 de outubro de 1992 e o papel de Presidente da República em 29 de dezembro de 1992. Foi em seu governo que foi realizado um plebiscito sobre a forma de governo do Brasil, que deveria ter sido feita há 104 anos; o resultado foi a permanência da república presidencialista no Brasil. Durante sua incumbência, foi idealizado o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda. Foi sucedido pelo seu ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Opondo-se fortemente a seu sucessor, Itamar cogitou candidatar-se a Presidente em 1998 e 2002, mas não prosseguiu com a ideia e elegeu-se facilmente Governador de Minas Gerais em 1998.
Em 2002, apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva e se opôs à candidatura de José Serra, candidato apoiado por Fernando Henrique. Não tentou reeleição no estado de Minas Gerais. Lançou-se pré-candidato à presidência pelo PMDB em 2006, mas perdeu para Anthony Garotinho, tentando então a candidatura para o Senado, perdendo a candidatura para Newton Cardoso. Em maio de 2009, filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS). Nas eleições de 3 de outubro de 2010, foi eleito senador pelo estado de Minas Gerais, derrotando Fernando Pimentel do PT. Em 21 de maio de 2011, foi diagnosticado com leucemia. Alguns dias depois, se licenciou do Senado a fim de tratar-se da doença no Hospital Albert Einstein. No dia 27 de junho, um boletim médico do hospital divulgou que sua situação teria se agravado em virtude de uma pneumonia que o levou à UTI. Itamar faleceu na manhã do dia 2 de julho de 2011.
Fonte: Wikipedia.