Não é de hoje que muitas pessoas facilmente influenciáveis se tornam reféns de golpistas, picaretas e falsos profetas, ficando presos em seitas demoníacas que fingem adorar a Deus. Como também os radicais extremistas que, em defesa dos seus ideais de poder, repressão, ódio e violência, planejam ataques terroristas causando dor e a morte de inocentes. Na atualidade, mesmo com toda a evolução do mundo, com o tsunami de informação que a tecnologia nos proporciona, as fake News e as deturpações da verdade levam cada vez mais pessoas incautas a se fecharem para a sensatez e a clarividência, crendo em espertalhões velhacos que se aproveitam da ignorância, da ingenuidade e da boa fé de pessoas para solidificarem suas malditas pretensões.
Duas histórias macabras, terríveis, violentas, sangrentas e extremamente inconcebíveis, que ocorreram na terra que mais adora e tem verdadeira obsessão doentia pela posse de armas no planeta, os Estados Unidos da América, estão à disposição dos que gostam de lutar contra a ignorância estudando o que acontece no mundo. Na plataforma de streaming Netflix estão disponíveis aos s duas minisséries imperdíveis aos que gostam de conhecer a história: "Waco: American Apocalypse" e "Oklahoma City Bombing: American Terror".
Na primeira, a produção relata a incrível história de uma desastrada ação policial de agentes da ATF-The Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives que cercaram um complexo chamado Mount Carmel Center e que era a sede de uma seita religiosa denominada Branch Davidians. Pouco mais de 100 fanáticos moravam no local, entre adultos, jovens e crianças, completamente alucinados e subordinados ao maluco jovem líder Vernon Wayne Howell, autodesignado David Koresh, orador competente, carismático e persuasivo que se dizia profeta e a figura de Jesus Cristo no segundo retorno ao mundo. Depois de assumir a posição do falecido antigo líder da seita, Koresh implantou novas ideias na comunidade, inclusive se apropriando sexualmente das esposas dos homens casados do grupo e até abusando de crianças, tudo com aprovação cega dos fanáticos seguidores. O pastor pregava que o apocalipse estava próximo e que eles teriam que se armar para enfrentar o ataque do Estado Americano que viria em breve. aram a fabricar armas pesadas, explosivos e muita munição, o que levou a um mandado de busca dos agentes da ATF. O que era para ser uma ação tranquila de rotina, transformou-se em um tiroteio gigantesco iniciado não se sabe por que lado do conflito. O fato é que logo no primeiro dia do embate entre policiais e fiéis, foram mortos quatro agentes e seis integrantes da seita. Para tentar resolver o ime, o FBI foi convocado para tentar a rendição do profeta e seus súditos, mas apesar de os negociadores conseguirem a libertação de um bocado de crianças e alguns adultos, a maioria continuou resistindo dentro do Mount Carmel Center, enquanto as autoridades não se entendiam sobre a maneira mais eficaz de enfrentar o caso. Após 51 dias de cerco policial, desencontros e falta de acordo para rendição, que durou de 28 de fevereiro a 19 de abril de 1993, o desfecho foi trágico, com bombas de gás lacrimogêneo sendo atiradas dentro da construção e a ocorrência de um enorme incêndio que destruiu toda a estrutura do complexo, onde foram encontrados os corpos sem vida de todos os demais fanáticos religiosos. Nove conseguiram escapar do incêndio e da queda da construção. O líder David Koresh e alguns devotos morreram com tiros disparados no corpo, o que ficou comprovado pelos exames médicos realizados posteriormente, o que leva a crer em suicídios e execuções.
Ao final de operação tão desastrosa e incompetente, morreram quatro agentes da ATF e 82 seguidores da Branch Davidians, 28 crianças entre elas, um massacre terrível que até hoje gera controvérsias sobre os fatos. Mas umas coisas são claras e irrefutáveis: as instituições de segurança dos Estados Unidos falharam feio na tarefa de resolver o problema e infelizmente os tristes casos de fanatismo religioso continuam se repetindo no mundo inteiro.
"Waco: American Apocalypse" (2023) tem três capítulos: "No Princípio…" (51min), "Filhos de Deus" (45min) e "Fogo" (46min).
Na segunda minissérie, "Oklahoma City Bombing: American Terror", mais uma terrível história de loucura, ódio e violência de extremistas fanáticos ocorrida nos bélicos Estados Unidos. Na manhã de 19 de abril de 1995, um desmiolado psicopata veterano do Exército estacionou e fez explodir diante de um prédio onde funcionavam várias filiais de instituições federais, o Edifício Federal Alfred P. Murrah, um caminhão Ryder carregado de explosivos. Exatamente às 9h02. A explosão foi tão forte que destruiu a parte dianteira do prédio de nove andares que funcionava normalmente com centenas de funcionários no trabalho diário. O local era no centro de Oklahoma City e o insano terrorista se chamava Timothy James McVeigh. O sujeito desde cedo era fanático por armas. Na sua paranoia, ficou ainda mais extremista após ler o livro The Turner Diaries, um tratado antigovernamental e neonazista escrito por William Pierce em 1978 que virou Bíblia dos radicais da extrema-direita. Cego pelo fanatismo, escolheu a data da tragédia de Waco, onde esteve presente para assistir ao cerco em Monte Carmelo, para cometer o insano ato terrorista que ceifou a vida de 168 pessoas, 19 delas crianças de uma creche existente no local. Foram mais de 500 feridos.
Logo depois do atentado, exatamente às 10h17, o terrorista foi preso por acaso na Rodovia Interestadual 35, ao norte da cidade vizinha de Perry, por uma infração banal. O policial Charlie Hanger da Patrulha Rodoviária de Oklahoma percebeu que o carro Mercury Marquis estava sem uma placa de licença e parou McVeigh. Ao perceber que ele portava ainda uma arma sem ter porte, o prende e o leva para a delegacia. Ainda preso, mas quase liberado pela infração, ele é identificado e mantido encarcerado até o julgamento que o condenou à pena de morte em 13 de junho de 1997. Ele foi executado em Terre Haute, Indiana, no dia 11 de junho de 2001. Seu parceiro Terry Lynn Nichols foi condenado à prisão perpétua em prisão federal sem possibilidade de condicional. Outro parceiro que não participou do atentado mas que sabia da intenção dos criminosos, Michael Fortier, testemunhou contra eles e foi condenado a 12 anos de prisão e multa de US$ 200.000.
Em 25 de outubro de 1998, milhares de pessoas se reuniram no local do atentado terrorista para participar da inauguração do Memorial Nacional de Oklahoma City, construído em memória das 168 vítimas.
Ambas as produções foram de Tiller Russell.
É triste e desalentador perceber como pessoas comuns e normais, alguns que vivem bem perto da gente e que pareciam ajuizadas, moderadas, inteligentes, sensatas e discernentes, transformam-se pelo fanatismo em figuras completamente doentias, alucinadas, intolerantes, estúpidas e aparvalhadas. Espero que não tenham a capacidade de provocar mais tragédias como essas ocorridas nos Estados Unidos, que tanta dor, perdas e lágrimas causaram à população. Que Deus nos abençoe e nos guarde da estupidez humana!
Um grande abraço espinosense.